Polimento

Se você quer que seja um livro de arte contemporânea, é; se você quer que seja um livro de humor, é isso também; pode até ser o seu livro de auto-ajuda, se preferir. Uma vez que condenamos a nossa própria espécie, uma vez que a Arte mostrou que é incapaz de nos salvar, só podemos recorrer ao idiota, ao fútil ou ao desconhecido para evocar uma época em que tudo parecia mais fácil, em que não sabíamos o que estávamos a fazer ou porque o fazíamos, mas quando nada disso era necessário para sentir a alegria de viver. Nacho invoca há muito tempo a paz, a ordem, o amor e a alegria nas suas milhares de páginas rabiscadas. Ele não sabe fazê-lo, mas sabe fazê-lo bem, porque possui um grande poder: o poder daqueles que não se propõem a fazê-lo, daqueles que simplesmente não sabem fazer mais nada na vida. Na realidade, Nacho não faz ideia do que faz quando desenha, mas fá-lo. E as pessoas riem-se quando o vêem. E então ele fica feliz, e desenha mais. E parece haver algo lá.