Estigmas de Errata

Errata apareceu pela primeira vez na contracapa da primeira edição de Love & Rockets, em 1982, e no ano seguinte, na segunda edição da série, ele já era protagonista em sua primeira história, um conto de ficção científica com toques sobrenaturais guiado por uma estética algures entre o punk e a estética neo-romântica então em voga. A partir daí, o personagem logo evoluiria para outros territórios limítrofes da comédia de costumes e horror psicológico, muito ao gosto do seu criador. Na que é provavelmente a sua história mais conhecida, Lágrimas llovidas del cielo, a menina estigmatizada desempenharia o papel principal numa espécie de perversão da história da Cinderela sem um final feliz, tornando-se o paradigma das histórias sobre crianças de luto na extensa produção do autor.

Após o seu destaque absoluto na capa da edição 10 e das já mencionadas Lágrimas llovidas del cielo, publicadas na edição 11 em 1985, o personagem só voltaria ocasionalmente em 1993, 2001 e 2004. No entanto, Errata nunca desapareceu do imaginário essencial de Love & Rockets e, sobretudo, do dos seus leitores, que a tornaram protagonista de uma multiplicidade de pequenos tributos em forma de canção, avatar, conto, poster, t-shirt, fanart, etc.

Fulgencio Pimentel compilou em um único volume todas as histórias do inesquecível personagem, bem como algumas de suas múltiplas aparições em vinhetas isoladas e várias ilustrações e tentou contextualizá-las, acrescentando uma breve entrevista com o autor. Assim, este livro se torna um tiro duplo de um para o outro Rocky por Jaime Hernandez, irmão de Beto, onde também encontramos unidas pela primeira vez todas as histórias de outra personagem feminina da saga.